A Festa da Boa Morte

 

 

Foto: Adenor Gondim

 

          A crença católica de que a Virgem Maria foi levada aos céus, em corpo e alma, pouco depois de sua morte inspirou a devoção à Nossa Senhora da Boa Morte (Séc. XVII) . No século XIX essa crença chega a Salvador e, sobretudo na cidade de Cachoeira (Recôncavo), aonde foi criada a Irmandade da Boa Morte com uma marcante diferença: as integrantes estão associadas ao candomblé sendo muitas delas mães de santo. À princípio congregava negras alforriadas denominadas “negras do partido alto”, termos que carrega uma conotação socioeconômica distinta, dada a posição que as fundadoras da Irmandade ocupavam na sociedade. 


          No mês de agosto a Festa da Boa Morte está entranhada nas veias da cidade de Cachoeira. Essa homenagem conserva aspectos que refletem a visão judaico-cristã em que Maria está morta e se comemora as irmãs falecidas. Catolicismo e candomblé se mesclam e a festa da Boa Morte celebra a Vida. A festa possui fortes efeitos visuais e simbólicos, cuja teatralidade dos cortejos e de várias cenas é vitalizada pelas vestimentas das mulheres que compõem a irmandade e que guardam os segredos da congregação. Panos plissados, rendas, panos da costa, bordados, batas, veludos e balangandãs, em uma mistura de matizes, texturas e adornos revelam a combinação harmoniosa de traços de uma religiosidade marcada por fortes 
tradições católicas e pelos expressivos rituais do candomblé.

 

A SAIA PRETA

 

 

Foto: Xando P

 

          A saia preta que as integrantes da Irmandade da Boa Morte usam na Festa da Boa Morte (13 a 17 de agosto) tem um profundo significado ao contrastar com a roupa branca e cheia de rendas das mães e filhas de santo do candomblé. As vestes no 
teatro-celebração se “metamorfoseiam” à medida que a ritualística toma conta das igrejas e ruas de Cachoeira. Ba.


          A primeira veste (13/8), de “baiana” usada no cortejo da sinalização da morte de Nossa Senhora é branca cuja saia bordada com ponto richelieu é acompanhada de anáguas e representam a força destas mulheres. No dia 14 vestem-se com uma espécie de bioco cobrindo parte da cabeça. A última veste (15/8) usada na procissão de Nossa Senhora da Glória, traz a cor preta na saia evidenciando o luto e evocam as mortalhas. O uso do pano da costa preto aveludado e o vermelho totaliza a indumentária do dia. As vestes são complementadas por joias em profusão de pulseiras e anéis.

          A dimensão religiosa, estética e simbólica das vestes que compõem os dias de consagração aonde as procissões mesclam cantos católicos com tambores confirma a fé e a devoção à Nossa Senhora da Boa Morte ressaltando a força que rege o sincretismo expressado pela Irmandade.

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